quinta-feira, 28 de julho de 2016

O que você sente quando olha uma fotografia de seu(sua) anjo(a) ?




Hoje minha saudade bateu doída... E eu procurei disfarçar o máximo que pude... Por vezes, penso que minha saudade manifestada, cansa as pessoas que vivem ao meu redor... Percebo que todos precisam dar seguimento as suas vidas e essa minha oscilação de humor e sentimentos desgasta muito.

Eu sinto uma falta imensa do meu filho... Uma saudade de suas brincadeiras... De seus momentos musicais ao violão... De nossas conversas na varanda e até de seus momentos de mau humor!

E hoje, ao me sentir saudosa, busquei no celular suas fotografias e por uns instantes eu me confundi... Parecia que tudo foi um pesadelo e que o Bruno estava viajando e já-já chegaria em casa... Foi tão estranho... Não pensei em uma viagem espiritual... Não havia naquele momento lucidez em mim...

Até quando isto vai durar? Até quando vou me sentir incompetente como mãe? Por que será que este sentimento de culpa não vai embora?

Preciso de vocês, amigas irmãs! Preciso da experiência de vocês embora saiba que a dor de perder um filho seja única... 

domingo, 24 de julho de 2016

E a cada dia, uma nova descoberta... Um dia de cada vez... Cada dia um pouquinho...


Hoje foi dia de psicografia na Associação Obreiros de Jesus - AOJ. A noite passada eu havia ficado com minha neta de 10 meses para os pais trabalharem no FoodTruck... Fui dormir bem tarde e creio que devo ter conseguido realmente dormir lá pelas 3h da manhã. Hoje acordei às 6h30min para tomar banho, rezar, tomar café e estar como recomendado às 8h na porta da Casa Espiritual.

Noite mal dormida... Ansiedade a mil e a saudade, nem preciso falar... E lá fui eu cumprindo com o estabelecido, camiseta do G.A.M.E. com meu filho em um coração amparado por minhas amigas-irmãs e muito amor para dar e receber.


A casa ficou lotada como sempre e hoje, muitos eram os pais que estavam faz pouco tempo trilhando o caminho do luto. Observei cada rosto... E me vi várias vezes dentro daqueles olhares vazios "tão cheios" de uma dor que não se explica... E doeu forte em mim, por cada um deles, por cada lágrima de dor e solidão! Sim, porque por mais que tenhamos familiares e que estejamos sendo assistidos, esta dor é única, solitária e covardemente cruel.

Uma coisa em meio a tanta tristeza me ofereceu em princípio um certo conforto: eram mais casais que de costume. Normalmente, é a mãe que procura ajuda. Raramente o pai e creio que isso se deva a esta cultura machista que é incrustada no homem, como se a ele fosse proibido sofrer! Aff, não entendo isso... Tenho muita dificuldade para entender ou aceitar certos costumes dessa humanidade!

Vi mães que traduziam de maneira fidedigna o meu retrato nos primeiros meses do luto, assim como, vi um pai com 13 meses de luto que me garantiu que por vezes tinha vontade de sumir... E eu o entendo... Quantas não foram as vezes que pensei o mesmo.

Eu já sabia que não receberia uma cartinha do meu filho... MÃES SEMPRE SABEM DAS COISAS! E após a hora do almoço, eu poderia ter me retirado e seguir para casa como havia combinado com meu filho e nora. Não consegui sair! Eu senti que precisava ficar, que precisava conversar com aquelas pessoas e dizer: "Olha, eu sei o que você está sentindo... Sua dor é a minha dor... Vamos chorar e vencer juntos!" E assim o fiz: fiquei e conversei com os pais.

Expliquei a mãe o que aprendi com a empresária e  mãe enlutada Andrea Murgel: o luto possui 05 fases distintas, que não possuem tempo de demora, e muito menos que sejam pré-requisitos umas das outras para avanço nesse processo... Nós, nosso sentimento, nossa força interior e nossa fé é que nos dirão este tempo.

Falei com uma mãezinha: "Você sabia que há um alto índice de separação entre casais que perdem seus filhos?" Vi que ela se interessou pelo assunto e fui logo discursando pelo tema. Após falar pelos dados técnicos do assunto, mostrei uma passagem do livro "O Encantador de Almas", mostrei qual o objetivo espiritual no desencarne de filhos antes dos pais. Dei meu depoimento de vida conjugal antes do luto e pós-luto... Reconheço neste processo a explicação pela passagem de meu filho: O RESGATE DA FAMÍLIA! 

Conversei com um paizinho muito humilde que sempre está no Obreiros. Eita, como gosto desse senhorzinho! Conversamos sobre vários temas dentro do luto e foi uma troca gratificante de experiências...

Ao final da sessão, quando foi lida a última cartinha, eu tinha dentro do meu peito uma sensação de paz... De dever cumprido... De GRATIDÃO!

Como assim? Como estar grata depois de passar 10 horas em um lugar cheio de gente, me entupindo de café, ouvindo gente tagarelar ao esquecer que - embora não aparente - a casa é uma igreja, um local santificado e nem receber um bilhetinho, quiçá uma carta de 13 folhas como das outras vezes?  E receber apenas um recadinho assoprado no ouvido da pessoa responsável pelas psicografias...

Eis a explicação! Eu nunca briguei com Deus! Nunca me revoltei com Ele! Minha tristeza e desesperança foi em relação ao ser humano, uma coisa que aos poucos estou conseguindo digerir... Como ser espírita e não respeitar as individualidades? Como crer em Deus, orar o Pai Nosso e esquecer que recitamos na oração o trecho: "Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como nos céus?" Como amar a Carta aos Coríntios, 1 de Paulo e esquecer justamente da caridade?

Foi isso! Minha alegria foi justamente a alegria e felicidade do outro! Foi ver cada rosto de mãe e de pai enlutados sentindo um refrescar na sua dor, um amansar das tristezas, um usufruir do verdadeiro espírito consolador das religiões! Hoje o dia também foi de alegria e de gratidão, mas foi acima de tudo um dia de CRESCIMENTO ESPIRITUAL! 

DEUS NOS ABENÇOE! AMO VOCÊS!

Reunião do G.A.M.E. - Grupo de Apoio a Mães Enlutadas



Não percam!
JUNTOS SOMOS FORTES!

terça-feira, 12 de julho de 2016

"Comunicação de más notícias: desafios e possibilidades", uma palestra para auxiliar os profissionais que comunicam o óbito.

Vi o registro da primeira palestra do Núcleo de Psicologia do Instituto Mães Sem Nome, no Comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em Bonsucesso e desejei compartilhá-lo com vocês, amigos e amigas.

A palestra "Comunicação de más notícias: desafios e possibilidades" foi ministrada pela Dra. Fátima M. Giovagnini e Judith Nemirovsky e faz parte de um projeto inédito que está sendo oferecido aos psicólogos e profissionais da comissão de feridos da Coordenadoria da Polícia Pacificadora do RJ (CPP)Trata-se da comunicação de notícias difíceis, relacionadas ao óbito de policiais para os familiares. Um assunto delicado, porém relevante no âmbito da morte e do luto, em uma fase em que tantos policiais estão morrendo.

No site do instituto foi disponibilizada a Cartilha Jurídica do Luto.

Fonte: https://web.facebook.com/maessemnomereaprendendoaviver/photos/a.568991793169427.1073741828.568987043169902/1045746125493989/?type=3&theater